Metaverso do ESG: entre a fantasia e os reais desafios socioambientais e éticos da sociedade 

A reflexão proposta pelos autores aponta que, embora existam avanços nas estratégias e práticas empresariais para a sustentabilidade, percebe-se uma lacuna existente entre o ESG fantasiado e o real. 

Metaverso do ESG: entre a fantasia e os reais desafios socioambientais e éticos da sociedade 

ESG. As três letras viralizaram como um tsunami pelas mídias e redes sociais e ganharam o mundo corporativo e a academia como sinônimo de responsabilidade ambiental (Environment), social (Social) e de governança (Governance). Mas, longe de levar a uma mudança radical de postura por parte das empresas em relação aos desafios socioambientais dos nossos tempos, a popularização do termo deu origem a um universo paralelo, onde ele aparece como uma grande novidade, oferecendo a solução para todos os problemas e mostrando avanços maiores do que realmente são. Essa é a provocação feita no artigo “O Metaverso do ESG”, publicado na última edição da Revista GV-executivo. 

A reflexão proposta pelos autores Mario Monzoni e Fernanda Carreira, do Centro de Estudos em Sustentabilidade (FGVces) da Escola de Administração da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV EAESP), aponta que, embora existam avanços nas estratégias e práticas empresariais para a sustentabilidade, percebe-se uma lacuna existente entre o ESG fantasiado e o real. 

Realidade do ESG 

O universo paralelo, apelidado pelos autores como Metaverso do ESG, mostra que há questões e necessidades de ação bem mais complexas do que vêm sendo publicizado pelo mundo corporativo. Os desafios socioambientais não desaparecem em um piscar de olhos e, para o ESG ser de fato uma grande novidade, seria preciso abordar as questões atuais a partir de uma Economia Ecológica, que vai além da incorporação das temáticas socioambientais nas práticas empresariais. Trata-se de uma mudança de paradigma, uma nova lógica de fazer negócios. Quando é observada a realidade nacional, as empresas, no entanto, mostram-se na contramão da percepção dos brasileiros, cada vez mais céticos em relação ao comprometimento com práticas de sustentabilidade.  

“Há empresas que criaram seus imaginários e estão vivendo em um Metaverso: publicam seus relatórios agora no padrão ESG para investidores que se tornaram conscientes e tudo parece estar resolvido – ou pelo menos, com a lição de casa feita”, ressaltam os autores. 

Novidade ou Déjà vu 

Os pesquisadores destacam que os conceitos inerentes ao ESG já tinham um histórico subscrito, pois as empresas já vinham trilhando uma busca por uma atuação empresarial mais responsável. No passado, porém, isso tinha outro nome: sustentabilidade empresarial, ou responsabilidade social empresarial. Não se trata, portanto, de “uma nova onda”, mas o resultado de um movimento histórico, um acúmulo de compreensões a respeito da relação dos processos naturais com os sociais – econômicos incluídos –, com raízes sólidas na ciência”, dizem eles.  

A novidade foi a proporção tomada pelo ESG e os alcances atingidos. “O fato é que esta é apenas a primeira fase de uma pequena expansão das consciências sobre os desafios globais da sustentabilidade. Para passar para as próximas fases, é necessário resgatar onde e quando essa onda se formou e propor uma reflexão crítica para que o ESG seja uma realidade e não uma fantasia compartilhada – ou uma nova “narrativa”, complementam 

Desafios e perspectivas  

De acordo com os autores, a lógica empresarial baseada no conceito de ESG deveria contemplar quatro aspectos:  

  • – A compreensão da economia como um subsistema da sociedade, que é um subsistema do meio ambiente; 
  • – O envolvimento das empresas nas problemáticas sociais do país; 
  • – O questionamento sobre o consumo e o crescimento econômico como sinônimos de desenvolvimento; 
  • – A abertura para modelos de negócios alternativos. 

Independentemente dos ideais do ESG, ainda existe uma longa jornada pela frente.  

“O fato é que estamos apenas na fase I do joguinho de uma leve expansão das consciências sobre os desafios globais da sustentabilidade. Para passar para as próximas, é necessário resgatar onde e quando essa onda se formou e propor uma reflexão crítica para que o ESG seja uma realidade e não um imaginário compartilhado – ou uma nova narrativa. A desigualdade de renda, a pobreza, a falta de saneamento, sem falar nas questões ambientais são alguns dos desafios urgentes que precisam ser endereçados. Sem avanços concretos nesses temas, por exemplo, estaremos vivendo no Metaverso do ESG e não na realidade que nos cerca”. 

Para ter acesso ao artigo completo, clique no link. 

Fonte: portal.fgv.br

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